Em meio a protestos, presidente do Irã diz que Holocausto é mito

da Folha Online
Provocando renovadas críticas internacionais, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse nesta sexta-feira que o Holocausto é um mito, uma mentira criada para justificar a criação do Estado de Israel que os iranianos têm obrigação religiosa de confrontar. A declaração foi feita no dia em que o Irã marca o “Dia de Jerusalém”, marcha anual pró-palestinos que, este ano, levou opositores de Ahmadinejad às ruas para protestar contra o governo.
“O pretexto [Holocausto] para a criação do regime sionista [como se refere a Israel] é falso. É uma mentira baseada em uma alegação mítica e não comprovada”, disse Ahmadinejad aos apoiadores que ouviam seu discurso na Universidade de Teerã. “Confrontar o regime sionista é um dever nacional e religioso”, completou.
Vahid Salemi/AP

 


Presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, discursa na Universidade de Teerã e diz que Holocausto é uma mentira para justificar Israel


Desde que chegou ao poder pela primeira vez, Ahmadinejad provocou condenação internacional por dizer que o Holocausto é uma mentira e que Israel é um “tumor” no Oriente Médio. Seu governo chegou a realizar uma conferência em 2006 para questionar o fato dos nazistas de Hitler terem usado câmaras de gás para matar 6 milhões de judeus na Segunda Guerra (1939-1945) –um fato considerado verídico pela maioria dos historiadores.
Os críticos de Ahmadinejad dizem que o tom de seus discursos ajudou a isolar o Irã e as novas declarações devem prejudicar os esforços renovados da comunidade internacional por um diálogo de desnuclearização. O próprio governo iraniano ofereceu uma nova proposta de diálogo nuclear, mas rejeita incluir seu próprio programa nuclear no debate. O país deve se reunir com as potências globais em 1º de outubro.
O presidente ultraconservador, que frequentemente discursa contra Israel e o Ocidente, alertou ainda os líderes dos países árabes e muçulmanos aliados dos ocidentais e de Israel. “O regime [de Israel] não durará muito. Não atem seu futuro a isto. O regime não tem futuro. Sua vida chegou ao fim”, disse, em discurso transmitido na rádio estatal.
Ahmadinejad disse ainda que o Irã rejeita qualquer proposta de paz para o Oriente Médio que não garanta os direitos dos palestinos. “Os palestinos devem saber que eles têm direito à resistência”, disse o presidente.
Protestos
Perto do local do discurso de Ahmadinejad, as forças de segurança do Irã entraram em confronto com apoiadores do líder da oposição reformista, Mir Hossein Mousavi, e prenderam ao menos dez pessoas durante a manifestação pró-palestina.
Segundo testemunhas, partidários da oposição iraniana, entre eles o ex-presidente Mohammad Khatami, foram agredidos nesta sexta-feira por partidários do regime.
A violência que marcou os protestos contra fraude na reeleição de Ahmadinejad em junho passado voltou às ruas de Teerã durante o ‘Dia de Jerusalém’ –decretado pelo aiatolá Ruhola Khomeini, para protestar contra a ocupação dos territórios palestinos e os crimes do regime israelense, no início da Revolução Islâmica, em 1979.
Todos os anos, a data reúne milhões de iranianos em manifestações pelas ruas da cidade. Neste ano, a manifestação ganhou caráter político e dezenas de milhares de opositores aproveitaram a passeata para gritar palavras de ordem em favor de Mousavi.
Reeleição
O ultraconservador Ahmadinejad foi reeleito em pleito do dia 12 de junho passado, com cerca de 63% dos votos contra 34% do principal candidato da oposição, Mir Hossein Mousavi.
A votação foi seguida por semanas de fortes protestos da oposição por fraude. Os protestos, enfrentados com violência pela polícia e a milícia Basij, ligada à Guarda Revolucionária, deixaram ao menos 20 mortos, dezenas de feridos e cerca de 2.000 presos. A oposição fala em 69 vítimas.
O Conselho dos Guardiães do Irã, órgão responsável por ratificar o resultado do pleito, aceitou fazer uma recontagem parcial dos votos para acalmar a oposição, mas confirmou a reeleição de Ahmadinejad depois de afirmar que a fraude em cerca de 3 milhões de votos não era suficiente para mudar o

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